sexta-feira, 18 de setembro de 2009

CASA DA LEITURA RECOMENDA "TRETALETRA"

A CASA DA LEITURA, da Fundação Calouste Gulbenkian, incluiu o livro “Tretaletra” de Maria Helena Pires, com ilustrações de Elisabete Ferreira, na sua "Montra" de títulos para “leitores iniciais”, com a seguinte sinopse, assinada por Gabriela Sotto Mayor:

Maria Helena Pires apresenta-nos uma colectânea de poesia, de temática diversificada, onde através das palavras se brinca, se joga, se conta um conto e se «dá volta[s] à imaginação» através de uma leitura ritmada, apoiada essencialmente no refrão e na rima.
Com forte recurso à anáfora, à reduplicação e à personificação de objectos, caracteres e conceitos, a escritora encerra pequenas estórias em cada poema, cuja estrutura narrativa, por vezes, se assemelha a pequenos contos versificados.

Os poemas tiram partido da plasticidade que caracteriza a linguagem explorando as suas dimensões sonora e lúdica. Apresentam combinações semânticas e lexicais, fónicas, rítmicas e melódicas, sendo algumas de clara inspiração em cantigas tradicionais, característica que poderá contribuir para cativar os leitores menos experientes e até estimulá-los à leitura e à iniciação à escrita.

Adoptando uma forma de representação orgânica, a linguagem visual da autoria de Elisabete Ferreira responde à dimensão sonora e rítmica presente nos poemas, desenhando alguns objectos e caracteres sugeridos neste, assim como insinua outras leituras. Agora com um registo menos ruidoso do que em outras publicações, é de salientar a opção singular de caracterização das personagens por parte da ilustradora, ao conseguir uma conjugação particularmente feliz entre o preto e branco da grafite (para o corpo), com a cor (para os cabelos), imprimindo-lhes carga dramática e protagonismo. Podemos encontrar nas suas ilustrações alguma reminiscência da sua formação em design de moda. A fluidez e leveza dada aos cabelos das personagens, pelo recurso à linha como o elemento visual compositivo de eleição, são disso um excelente exemplo, potenciando a comparação dos cabelos com tecidos que esvoaçam. A alteração cromática da grafia é um apontamento digno de nota relativamente à participação da designer nesta publicação, e que em muito contribuiu para o interesse estético da edição.
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Gabriela Sotto Mayor]