Leia esta entrevista ao escritor Vergílio Alberto Vieira a propósito do livro “O COMBOIO DE PEDRA”.
Fale um pouco da inspiração que teve para escrever este livro…
VAV - O Comboio de Pedra não é obra inspirada. Mas nunca o teria escrito assim, se, aos quinze anos, não tivesse lido, por exemplo, Os Bichos, de Miguel Torga. Como sempre desejo voltar à infância, sempre que escrevo, para exorcizar momentos de fascinação & encantamento irrepetíveis, esta viagem de comboio, levada a cabo nos anos 50, na companhia de meus pais, ganha particular importância por se tratar de caso em que os laços familiares se iam rompendo, devido à fragilidade de saúde de minha mãe. Por isso, este livro demorou a ser escrito. Foi necessário dar tempo ao tempo para que a experiência ganhasse “forma” e a forma “conteúdo”, como semente em terra fecundada.
A ideia da obra teve a ver com algum passeio de comboio que fez na sua infância ou foi pura imaginação?
VAV - Abolidas as fronteiras entre o real e o imaginário, O Comboio de Pedra percorre a distância de uma vida, indo dos lugares da infância aos lugares que dela me separam.
Por que motivo optou por falar da cidade do Porto?
VAV - O imaginário não existe fora de um quadro de referências verosímeis, reais, alicerçadas em vivências que, de nós, vão fazendo o que somos. O Porto foi o meu primeiro lugar de aparição.
Como define este menino “Tira-Teimas”?
VAV - O pequeno herói é o filho de Manuel Sanguedo, conhecido na aldeia pelo Tira-Teimas. Apesar de moldado numa certa rudeza, que conheci de perto na infância rural que partilhei com miúdos como ele, revela um carácter forte, que a pobreza e o pressentimento de que a família corre perigo não derrotam.
A linguagem mais antiga que utilizou foi uma forma de perpetuar este segmento da cultura tradicional portuguesa?
O título “O comboio de pedra” surgiu antes, durante ou depois de escrever o livro? E como?