O n.º 106 de revista «Os Meus Livros» aprecia dois livros da Trinta Por Uma Linha.
O MOSTEIRO DE SANTA MARIA DE SALZEDAS – as formigas, o gaio e as pedras
Centrado no Mosteiro de Santa Maria de Salzedas, nas suas histórias e nas suas lendas, as disposição de divulgar um imaginário e um património de que urge falar, dar a conhecer e visitar, este livro é um auxiliar precioso no manancial de informação que disponibiliza. Concebido em co-edição com a Direcção Regional de Cultura do Norte – Secretaria de Estado da Cultura, trata-se de um trabalho que se insere no Projecto Vale do Varosa, uma iniciativa centrada na recuperação do património histórico-religioso da região do Varosa (em Lamego). Um mosteiro com a idade do nosso país, as formigas que o testemunham, um gaio fundador e as pedras que permanecem são os protagonistas de uma narrativa a reter.
O DIABO DO ALFUSQUEIRO
As histórias tradicionais não são, originalmente, destinadas a crianças. Há, aliás, uma ligação íntima e obtusa entre a narração oral que fundou o património imaginário das populações ao longo dos séculos, as histórias de cordel e a literatura infantil, todas rotuladas de menores no cânone da literatura universal. Por isso, não é imediata a relação entre uma história tradicional e o destinatário final. E se o autor não tem de escrever a pensar especificamente que terá como leitores preferenciais crianças dos cinco aos oito anos, é certo que não pode escrever para crianças como escreveria para adultos.
Esse é o principal desequilíbrio desta história, que padece de três males.
Em primeiro lugar, a construção sintáctica é por demais complexa para os mais novos, cheia de orações coordenadas e intercaladas, que dão uma dimensão excessiva às frases. Em segundo lugar, a narrativa perde-se em considerações e reflexões que não ajudam a captar a atenção para o dilema do homem honrado, que promete construir uma ponte sobre o rio Alfusqueiro e, sabendo não o conseguir, faz um pacto com o Diabo. A história tem todos os ingredientes, por si só, para ser interessante. Não carece de mais informações, apenas de uma voz que a conte. Finalmente, a técnica e as cores da ilustração, bem como o grafismo do texto, não lhe conferem limpidez e dificultam a leitura.
A apreciação a este título, intitulada «Três males» não é favorável. Podíamos ignorá-la e não a publicar aqui. Mas partilhamo-la por uma questão de honestidade intelectual. Se publicamos todas as outras (favoráveis), impõe-se-nos que o façamos também agora (apesar de desfavorável). Uma opinião diferente sobre o mesmo livro pode ser lida aqui.
O MOSTEIRO DE SANTA MARIA DE SALZEDAS – as formigas, o gaio e as pedras
Centrado no Mosteiro de Santa Maria de Salzedas, nas suas histórias e nas suas lendas, as disposição de divulgar um imaginário e um património de que urge falar, dar a conhecer e visitar, este livro é um auxiliar precioso no manancial de informação que disponibiliza. Concebido em co-edição com a Direcção Regional de Cultura do Norte – Secretaria de Estado da Cultura, trata-se de um trabalho que se insere no Projecto Vale do Varosa, uma iniciativa centrada na recuperação do património histórico-religioso da região do Varosa (em Lamego). Um mosteiro com a idade do nosso país, as formigas que o testemunham, um gaio fundador e as pedras que permanecem são os protagonistas de uma narrativa a reter.
O DIABO DO ALFUSQUEIRO
As histórias tradicionais não são, originalmente, destinadas a crianças. Há, aliás, uma ligação íntima e obtusa entre a narração oral que fundou o património imaginário das populações ao longo dos séculos, as histórias de cordel e a literatura infantil, todas rotuladas de menores no cânone da literatura universal. Por isso, não é imediata a relação entre uma história tradicional e o destinatário final. E se o autor não tem de escrever a pensar especificamente que terá como leitores preferenciais crianças dos cinco aos oito anos, é certo que não pode escrever para crianças como escreveria para adultos.
Esse é o principal desequilíbrio desta história, que padece de três males.
Em primeiro lugar, a construção sintáctica é por demais complexa para os mais novos, cheia de orações coordenadas e intercaladas, que dão uma dimensão excessiva às frases. Em segundo lugar, a narrativa perde-se em considerações e reflexões que não ajudam a captar a atenção para o dilema do homem honrado, que promete construir uma ponte sobre o rio Alfusqueiro e, sabendo não o conseguir, faz um pacto com o Diabo. A história tem todos os ingredientes, por si só, para ser interessante. Não carece de mais informações, apenas de uma voz que a conte. Finalmente, a técnica e as cores da ilustração, bem como o grafismo do texto, não lhe conferem limpidez e dificultam a leitura.
A apreciação a este título, intitulada «Três males» não é favorável. Podíamos ignorá-la e não a publicar aqui. Mas partilhamo-la por uma questão de honestidade intelectual. Se publicamos todas as outras (favoráveis), impõe-se-nos que o façamos também agora (apesar de desfavorável). Uma opinião diferente sobre o mesmo livro pode ser lida aqui.