Deixamos a recensão ao livro “Improvérbios”:
“Na sequência de outros volumes, de vários autores, sobre provérbios, analisados neste boletim, tem-se realçado o seu valor rítmico e rimático como iniciação à fruição da “poesia”, através do viés acústico.
O livro denominado “Improvérbios” anuncia, logo no título, um processo de desconstrução. E assim acontece, por meio das paráfrases trabalhadas sobre alguns textos sobejamente conhecidos. Se o provérbio é uma forma codificada de conhecimento, ao desconstruí-lo deixa de o ser, entrando-se num mundo de jogos fonéticos e semânticos particularmente gratos às crianças.
Nos jogos deste livro encontram-se, sobretudo, situações invertidas: “Depois da bonança / a tempestade nunca é mansa”; de evidência: “Quem sai aos seus / tem pança e bigode / e nunca pode / dizer-lhes adeus”; de absurdo: “Quem tem boca vai, / onde a língua lhe chegar”; de acrescento: “Quem filhos tem, / não tem só cadilhos, / tem brilhos também”.
A ilustração de Flávia Leitão opta por um traço de gosto infantil, às vezes caricatural, com muito cromatismo, abrangendo intencionalmente, como texto icónico, toda a página onde o texto gráfico passa a ser uma mera legenda.
A paginação colorida e o design gráfico de Anabela Dias inscrevem-se harmoniosamente na finalidade do livro.
A partir dos 5 anos."
Manuela Maldonado