João Ferreira Oliveira, autor do livro «A origem das espécies reinventada» falou à RDP África a propósito deste livro recentemente editado pela Trinta Por Uma Linha. A entrevista foi conduzida por Fernanda Almeida, na rubrica "Escrever na Água".
FERNANDA ALMEIDA: Imagine um lagarto que estava sempre a mudar de roupa ou uma lesma que estava apaixonada por gastronomia. São algumas das histórias a descobrir no livro “A origem das espécies reinventada”. Uma nova visão da teoria da evolução de Darwin contada pelas palavras de João Oliveira e pelas ilustrações de Anabela Dias. Dezassete histórias bem-humoradas, com moral e para gente de todas as idades, é o que nos diz, o autor, João Oliveira.
JOÃO FERREIRA OLIVEIRA: Pode-se reinventar de uma forma lúdica, penso eu…que foi o que eu tentei fazer. Talvez melhor do que explicar o que eu tentei fazer posso dar um exemplo, posso ler um ou dois excertos, isto são pequenas histórias, nem são bem pequenos contos, são dezassete no total, como, por exemplo, o peixe que tinha medo de nadar: era uma vez um peixe que tinha medo de nadar, apenas comia e dormia, acabou por se transformar numa baleia… são todos à volta deste género. Há outro, por exemplo: era uma vez um animal com uma personalidade muito forte, era obstinado e muito esperto, só fazia aquilo que queria, o homem, incapaz de o compreender, chamou-lhe burro.
FERNANDA ALMEIDA: É uma linguagem que as crianças possam, de facto, entender ou dar uma explicação para algumas coisas.
JOÃO FERREIRA OLIVEIRA: Sim, assumo que há uma segunda leitura para os adultos. Apesar de ser objectivamente um livro infantil há aqui alguma crítica, por exemplo, à preguiça. Por exemplo, o caso do urso que passava a vida a ver desenhos animados sentado no sofá e acabou por se transformar num panda. É um pouco uma crítica a alguns comportamentos da sociedade. Penso que as crianças compreendem e acho se possam rir e divertir ao ler a história e que os adultos também possam fazer a sua leitura. Aqueles adultos que leiam a história com as crianças, com os filhos, com os enteados, para que seja uma coisa dos dois, familiar.
FERNANDA ALMEIDA: E como é que casou as palavras com as imagens, foi um trabalho em conjunto ou a ideia foi falada e cada um trabalhou paralelamente?
JOÃO FERREIRA OLIVEIRA: Penso que foi um casamento feliz. Eu procurei a Anabela Dias que é uma ilustradora de quem eu gosto muito, mas que não conhecia pessoalmente, apenas os trabalhos dela. Então, enviei-lhe um email com esta história propondo-lhe uma parceria para saber se ela gostaria de ilustrar este trabalho. Ela respondeu-me que sim, que teria muito prazer e que gostou tanto que tomou a liberdade de propor ao editor dela, o João Manuel Ribeiro, da Trinta Por Uma Linha…e pronto, foi desta forma que as coisas se começaram a concretizar. Depois, ela ia-me enviando emails à medida que o trabalho ia evoluindo, eu dava uma ou outra opinião, mas ela tendo liberdade absoluta, porque acho que é assim que deve ser, para também ela reinterpretar e reinventar as palavras que eu lhe deixei. Ouve, de facto, uma parceira que eu acho que foi muito proveitosa, ela respeitou ao máximo o meu trabalho e eu respeitei o trabalho dela e acho que as coisas resultaram bem. O melhor elogio que eu posso fazer ao trabalho de ilustração e à própria Anabela é que não imagino o livro com outras ilustrações. E acho que isso é muito bom para quem o escreveu.