sábado, 17 de abril de 2010

MATILDE ROSA ARAÚJO - UM OLHAR DE MENINA

Este é o livro de Adélia Carvalho, com ilustrações de Marta Madureira, a sair brevemente.

sábado, 3 de abril de 2010

NO CÂMARA CLARA E NO PÚBLICO

Ontem, Dia Internacional do Livro Infantil, o programa “Câmara Clara” da RTP2 escolheu o livro “Histórias do Barco da Velha” de Pedro Teixeira Neves e Rute Reimão, entre outros, para comemorar este dia. No sítio do programa, pode ler-se acerca do livro: “O objectivo deste livro é a tomada de consciência em relação a determinadas situações e como lidar com elas”.

Hoje, Rita Pimenta escreve, no Jornal Público, o seguinte apontamento sobre o mesmo livro:

No barco da velha, há personagens e acontecimentos muito bizarros. Um fantasma vai ao médico porque perdeu a voz. Diagnóstico: “Cordas vocais gastas e cansadas!” Era preciso parar com as assombrações e a vida nocturna. Noutra história, a própria velha conseguiu, com os seus lamentos, acabar com uma greve de remadores: “Entre o descanso e a gritaria da velha, mais vale trabalhar!” Há ainda uma ovelha que cai ao mar, um cachecol em forma de caracol, um marinheiro cheio de dinheiro e um macaco de irritação. E mais ideias divertidas, ritmadas e bem escritas. A composição das ilustrações é criativa, com recurso a colagem de diversos materiais que jogam bem uns com os outros. No entanto, a expressão do rosto das personagens humanas nem sempre resulta. Já os animais são bem expressivos e felizes.”

sexta-feira, 2 de abril de 2010

HOJE, DIA INTERNACIONAL DO LIVRO INFANTIL

Mensagem para o Dia Internacional do Livro Infantil

Um livro espera-te. Procura-o

Era uma vez
um barquinho pequenino,
que não sabia,
não podia
navegar.

Passaram uma, duas, três,
quatro, cinco, seis semanas,
e aquele barquinho,
aquele barquinho
navegou.

Antes de se aprender a ler aprende-se a brincar. E a cantar. Eu e os meninos da minha terra entoávamos esta cantiga quando ainda não sabíamos ler. Juntávamo-nos na rua, fazendo uma roda e, ao despique com as vozes dos grilos no Verão, cantávamos uma e outra vez a impotência do barquinho que não sabia navegar.
Às vezes construíamos barquinhos de papel, íamos pô-los nos charcos e os barquinhos desfaziam-se sem conseguirem alcançar nenhuma costa.
Eu também era um barco pequeno fundeado nas ruas do meu bairro. Passava as tardes numa açoteia vendo o sol esconder-se à hora do poente, e pressentia na lonjura – não sabia ainda se nos longes do espaço, se nos longes do coração – um mundo maravilhoso que se estendia para lá do que a minha vista alcançava.
Por detrás de umas caixas, num armário da minha casa, também havia um livro pequenino que não podia navegar porque ninguém o lia. Quantas vezes passei por ele, sem me dar conta da sua existência! O barco de papel, encalhado na lama; o livro solitário, oculto na estante, atrás das caixas de cartão.
Um dia, a minha mão, à procura de alguma coisa, tocou na lombada do livro. Se eu fosse livro, contaria a coisa assim: «Certo dia, a mão de um menino roçou na minha capa e eu senti que as minhas velas se desdobravam e eu começava a navegar».
Que surpresa quando, por fim, os meus olhos tiveram na frente aquele objecto! Era um pequeno livro de capa vermelha e marca-de-água dourada. Abri-o expectante como quem encontra um cofre e ansioso por conhecer o seu conteúdo. E não era para menos. Mal comecei a ler, compreendi que a aventura estava servida: a valentia do protagonista, as personagens bondosas, as malvadas, as ilustrações com frases em pé-de-página que observava uma e outra vez, o perigo, as surpresas…, tudo isso me transportou a um mundo apaixonante e desconhecido.
Desse modo descobri que para lá da minha casa havia um rio, e que atrás do rio havia um mar e que no mar, à espera de partir, havia um barco. O primeiro em que embarquei chamava-se Hispaniola, mas teria sido igual se se chamasse Nautilus, Rocinante, a embarcação de Sindbad ou a jangada de Huckleberry. Todos eles, por mais tempo que passe, estarão sempre à espera de que os olhos de um menino desamarrem as suas velas e os façam zarpar.
É por isso que… não esperes mais, estende a tua mão, pega num livro, abre-o, lê: descobrirás, como na cantiga da minha infância, que não há barco, por pequeno que seja, que em pouco tempo não aprenda a navegar.

ELIACER CANSINO
(Tradução: José António Gomes)

Eliacer Cansino Macías (Sevilha, 1954) é professor de Filosofia numa escola de Sevilha, desde 1980, e autor de romances para jovens e adultos. Em 1997, recebeu o Prémio Lazarillo por O Mistério Velázquez, recriação da vida do anão Nicolasillo Pertusato e da sua relação com Velázquez. Em 1992, foi-lhe outorgado o Prémio Internacional Infanta Elena pelo livro Eu, Robinsón Sánchez, tendo naufragado, obra que foi também finalista do Prémio Nacional de Literatura Infantil, de Espanha. Em 2009, recebeu o Prémio Anaya de Literatura Infantil e Juvenil por Um Quarto em Babel. O lápis que encontrou o seu nome (2005). Tem muitos outros títulos editados.

A Mensagem do Dia Internacional do Livro Infantil é uma iniciativa do IBBY (International Board on Books for Young People), difundida em Portugal pela APPLIJ (Associação Portuguesa para a Promoção do Livro Infantil e Juvenil),
Secção Portuguesa do IBBY.