segunda-feira, 31 de maio de 2010

HISTÓRIAS ASSIM E A SÉRIO

A nova e magnífica Biblioteca Municipal Manuel Alegre, em Águeda, recebeu a apresentação do livro “Histórias assim e a sério” de Maria da Conceição Vicente, com ilustrações de Sónia Borges.
As palavras de apresentação estiveram a cargo do Dr. Paulo Sucena, que escalpelizou cada um dos seis contos deste livro, enfatizando a qualidade literária dos mesmos.
A autora teceu algumas considerações sobre a génese do livro (ver texto em itálico), seguindo-se a leitura do primeiro conto por dois antigos alunos.
O Presidente da Câmara Municipal, que quis estar presente, deu os parabéns à autora, sublinhou o que significa para Águeda a publicação deste livro e desafiou a autora a novos projectos.
A sessão de autógrafos que se seguiu foi longa e demorada.

SOBRE AS “HISTÓRIAS ASSIM E A SÉRIO”

Se Manuel Alegre o não tivesse dito, gostaria eu de o poder dizer agora. Aquando da apresentação do seu último romance, em resposta à clássica pergunta acerca dos motivos que levam à escrita de um determinado livro, Manuel Alegre respondeu que lhe apetecia dizer: “Escrevi este livro porque sim.” Frase genial, extremamente complexa na sua aparente simplicidade. Não posso avaliar o peso semântico e emocional que esta frase tem para quem a disse. Posso, no entanto, dar conta da minha leitura. Leio nesta frase a síntese de toda a problemática da individualidade e da intimidade da escrita, que leva o autor à plenitude da satisfação de mostrar-se, não se mostrando; de estar no texto, não estando. Se ler é um acto solitário – partilhamos leituras, mas nunca a nossa fruição do texto –, escrever é-o ainda mais. E querer dizer por que se escreve é pretender explicar o inexplicável.
É claro que ninguém escreve do nada. Há sempre um estímulo que desencadeia a génese da história. Ela nasce não se sabe bem onde: às vezes no pensamento; às vezes no coração – pode dar apertos na garganta, embrulhos no estômago, ou até subir aos olhos para se despenhar em chuva de lágrimas. Começa, então, a crescer. Pode ser uma visão feminina da escrita, mas sinto que há um período de gestação da história, em que ela cresce, cresce, cresce até não caber mais em nós e se projectar abruptamente no papel. Nasce, contudo, ainda tosca e imperfeita, à espera que o autor assuma um novo papel: o de artífice da Língua, para lhe dar voltas e mais voltas, até à versão definitiva que, no entanto, nunca é a forma perfeita. É com este corpo, de que se desliga, que a oferece ao leitor, o outro pólo da comunicação narrativa, a quem cabe a construção de novos sentidos. Mas se é possível restabelecer o processo, já não será assim para explicar o estímulo. Porquê um e não outro. Essa parece-me ser a questão do porque sim da frase de Manuel Alegre.

E quais foram, afinal, os meus estímulos? Que casamento fiz entre estímulos e motivos?

Já que não posso, não devo, nem quero plagiar, não direi que escrevi este livro porque sim. Direi, então, que escrevi este livro porque não.

Porque, de facto, não quero perder certas memórias e observações que, se resistiram à selecção da memória, é porque foram marcantes e vale a pena partilhar.

Não quero, também, abdicar da responsabilidade de não mostrar aos mais jovens que as gerações anteriores, embora de maneira diferente, também foram felizes e se divertiram muito. Espero consegui-lo com alguns dos contos incluídos neste livro. Sendo um pouco mais pretensiosa, espero com isso ajudar a despertar o diálogo entre gerações, cada vez mais atacado por surdez galopante, sem reversão à vista. Daí, a escolha das idades para o público preferencial deste livro.

Teremos, então, Histórias a Sério.

Mas, por se tratar de histórias a sério, não quero revelá-las, revelando-me. E a ficção narrativa é o melhor esconderijo para os tímidos e o melhor processo de comunicação para os introvertidos. A transfiguração da realidade possibilita um jogo de escondidas com o leitor que, embora possa estar convencido do contrário, nunca será capaz de encontrar no texto o autor por inteiro. É no fundo desafiar o leitor para desvelar o texto, ou seja, etimologicamente falando, retirar o tal véu diáfano da fantasia (e perdoem-me a pretensão da citação queirosiana). Só que, desta vez não é para encontrar a nudez crua da verdade, mas a verdade, às vezes tão terna e simples, do autor, visto que de memórias se trata. Desafio-vos a procurá-la nas minhas Histórias Assim.

Sintetizando, foi por este processo que umas quantas Histórias a Sério desabrocharam em outras tantas Histórias Assim… corporizadas pela ficção. Advirto-vos, porém, para o seguinte: nem só o poeta… mas quem quer que tenha experimentado o prazer da
escrita, quando apanha à mão uma folha de papel e uma caneta, “finge tão completamente…” Se calhar estas histórias a sério mais não serão do que histórias assim-assim. Mas isso só eu sei e vou guardar para mim.

Espero que a leitura deste livro proporcione aos mais e aos menos jovens momentos de agradável lazer, numa equilibrada mistura de emoção, prazer e reflexão. Daqueles que, em questões de bilhete de identidade – e apenas nestas –, se encontraram já nas prateleiras da metade superior do armário, espero mais: sentir-me-ei muito feliz se conseguirem reencontrar-se, revendo espaços, costumes ou vivências que terão, por certo, carinhosamente arrumadas na gaveta das gratas recordações.
Só assim as Histórias Assim e a Sério se cumprirão como literatura.
(Maria da Conceição Vicente)

quarta-feira, 19 de maio de 2010

TRETALETRA NO SOLTA PALAVRA

No n.º 16 do Solta Palavra, Revista/Boletim do CRILIJ - Centro de Recursos e Investigação em Literatura Infantil e Juvenil - , acabadinho da sair, Manuela Maldonado escreve a seguinte recensão ao livro "Tretaletra" de Maria Helena Pires, com ilustrações de Elisabete Ferreira, editado pela Trinta Por Uma Linha:

Neste breve volume, como é próprio do texto poético que sugere mais do que diz, Maria Helena Pires constrói toda uma tessitura poética, de ritmos significantes, com incursão, por vezes, na moldura dos trava-línguas e das lengalengas, onde estão presentes os trocadilhos, a rima, o nonsense. No primeiro caso pode referir-se o poema que dá o nome ao volume “Tretaletra”; no terceiro, “Tradicional”. De outras composições. Porém, escorre poesia integral como “Figueira do meu Encanto”, “Fios de Palavras”, “Retalhos de leitura”, em que os vários códigos se inscrevem no dizer o indizível, na captação do primordial.
A ilustradora, Elisabete Ferreira, concebeu um código icónico que interage com o da escrita ao desenhar seres longilíneos, de tipo cinésico, com umas cabeleiras enormes a flutuar ao vento. O cabelo é a cobertura da cabeça, a sede pensante donde as ideias borbotam e onde também estão sediados o sentir e o imaginar. Os cabelos longos que aparecem em movimento funcionam como propulsores dessa intimidade cerebral, afectiva, imaginativa a que as cores atribuídas acrescentam significâncias. Interessante é o facto de, em quase todas as situações, os ouvidos estarem a descoberto ou não fosse a poesia um texto essencialmente para ouvir que, à sua maneira, é a música dos fonemas.
A designer, Anabela Dias, interpreta na perfeição os dois códigos em presença, chegando até a combinar, na página, a cor dominante dos cabelos com a dos grafemas.
A partir dos 8 anos

sábado, 15 de maio de 2010

NO PÚBLICO DE HOJE

Hoje, Rita Pimenta escreve, no Jornal Público, o seguinte apontamento sobre o livro "Matilde Rosa Araújo: Um Olhar de Menina".

Um livro sobre a vida (romanceada) de Matilde Rosa Araújo, autora com que muitos adultos cresceram nas suas próprias leituras. Em Um Olhar de Mnina, a narrativa inspirada e suave de Adélia Carvalho tem por bela companhia o trabalho de poesia visual de Marta Madureira (menção especial do Prémio Nacional de Ilustração 2009). Percebe-se que ambas estão a agradecer com sinceridade à autora os seus inúneros livros para a infância. E tudo o que deles colheram. No posfácio, as palavras certas ão de Álvaro Magalhães: "Se na infância já éramos o que agora somos (Matilde já lia poemas e histórias à sua laranjeira, aos pássaros e às formigas) também na idade dulta somos aqueles que fomos. O tempo faz de nós pessoas idosas, mas, na verdade, mudamos pouco." Matilde, quase nada.

A CASA DA LEITURA RECOMENDA

A CASA DA LEITURA da Fundação Calouste Gulbenkian incluiu o livro “Matilde Rosa Araújo: Um olhar de menina” de Adélia Carvalho, com ilustrações de Marta Madureira, na sua "Montra" de títulos para “leitores medianos e leitores autónomos”, com a seguinte sinopse, assinada por Gabriela Sotto Mayor:

Adélia Carvalho, em Matilde Rosa Araújo: Um olhar de menina, traz-nos uma narrativa breve que aglutina pequenos fragmentos da vida pessoal daquela escritora, em particular da sua infância, com as personagens que criou no seu vasto património literário. Livros como O Sol e o Menino dos Pés Frios, O Palhaço Verde, O Gato Dourado ou Os Direitos da Criança são apenas alguns dos exemplos onde Adélia Carvalho foi recuperar personagens que ajudaram a descrever e a caracterizar a infância desta autora, sem esquecer a sua paixão pela natureza, pelos animais e pelas crianças. O carácter expositivo e, por vezes, denso, do texto é sensatamente atenuado pelas ilustrações de Marta Madureira, que sublinham, visual e metaforicamente, a sensibilidade e beleza da personagem principal e de toda a envolvência poética que transporta. Através de uma técnica de recorte e colagem digital, a ilustradora oferece múltiplas possibilidades de leitura e reflecte com ternura e simplicidade o «olhar de menina que vê tudo como se fosse sempre a primeira vez». Gabriela Sotto Mayor

quarta-feira, 12 de maio de 2010

TRÊS NOVOS LIVROS

Estão no "forno" três novos livros!
Dois da colecção "Adolescentes.com" e mais um da nossa maior colecção, a "Oito por um cordel".
"Amo-te.Poemas para gritar ao coração", de João Manuel Ribeiro e (ilustrações de) Ângela Ferreira.
"Histórias assim e a sério" de Maria da Conceição Vicente, com ilustrações de Sónia Borges.
"A Rainha da Misericórdia" de João Manuel Ribeiro, ilustrado por Sandra Nascimento, em co-edição com a Santa Casa da Misericórdia de Vila Conde, que este ano comemora 500 anos de existência e quis lembrar a figura da rainha D. Leonor como fundadora das misericórdias portuguesas.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

A CASA DA LEITURA RECOMENDA...

A CASA DA LEITURA da Fundação Calouste Gulbenkian incluiu o livro “Raras Aves Raras” de João Manuel Ribeiro, do Externato Paraíso dos Pequeninos e do Colégio das Terras de Santa Maria, com ilustrações de Gabriela Sotto Mayor, na sua "Montra" de títulos para “leitores iniciais e leitores medianos”, com a seguinte sinopse, assinada por Ana Margarida Ramos:
Colectânea de doze poemas subordinados à temática animal, e ao universo específico das aves exóticas e raras, este volume cumpre um conjunto de objectivos particularmente relevantes e que interessa enunciar. Desde logo, como o paratexto da contracapa dá a conhecer, resulta de um processo de colaboração criativa entre o escritor, a ilustradora e um grupo alargado de crianças, promovendo, a partir da interacção entre todos, o desenvolvimento do gosto e da sensibilidade literária e artística dos pequenos leitores que partilham a autoria dos textos. Depois, o projecto integra ainda motivações de índole ambiental, promovendo o conhecimento do património natural com vista a desenvolver a sua protecção e activar a consciência ecológica de crianças e de adultos. A divulgação das espécies protegidas – e em perigo de extinção – existentes no Parque Ornitológico de Lourosa tem evidentes implicações formativas. Os autores conseguem ainda acrescentar ao livro uma importante funcionalidade lúdica, tanto ao nível dos textos, como das ilustrações, cruzando o universo científico – biológico – no qual se inspiram com um humor que não deixa os leitores indiferentes. Ana Margarida Ramos

domingo, 2 de maio de 2010

REGISTOS TARDIOS

Apesar de tardios, não queremos deixar passar em claro a movimentação dos livros. Aqui ficam algumas notas de viagem...

Na margem sul é o livro “A Mala Rápida do Senhor Parado” que não está quieto: A Bilblioteca do Fórum Romeu Correia, em Almada, recebeu Rui Almeida Paiva, nos dias 6 e 20 de Abril, tendo as sessões, no dizer do autor, “uma delícia”, tendo as crianças ajudado o Senhor Parado a fazer a mala para uma segunda viagem.

No dia 23 de Abril, Alexandra Pinheiro e Sandra Nascimento, estiveram na Escola da Bandeira, em Gaia, em três sessões de apresentação do seu livro “Emília e o Chá de Tília”. No mesmo dia, de tarde, estiveram na Escola EB1 Padre Manuel Castro em S. Mamede Infesta, a convite da Coordenadora da Biblioteca do Agrupamento de Escolas de S. Mamede e tiveram direito a teatro surpresa, preparado pelos alunos e professoras, chá de tília e biscoitos e ainda festa da escola. Tudo a comemorar o Dia do Livro, inspirado no livro "Emília e o Chá de Tília" e ainda patrocinado pela Lipton.

APRESENTAÇÃO DE "MATILDE ROSA ARAÚJO - UM OLHAR DE MENINA"

A Livraria Papa-Livros acolheu, ontem, a apresentação do livro de Adélia Carvalho (texto) e de Marta Madureira (ilustradora), vencedora da Menção Especial do Prémio Nacional de Ilustração (com “O Livro dos Medos”, texto de Adélia Carvalho e edição “Trampolim”).

As palavras de apresentação estiveram a carga da Doutora Leonor Riscado, da Escola Superior de Educação de Coimbra, que começou por dizer que “esta obra é fruto do amor das autoras a Matilde” e que é uma “convocação de imagens da infância e da vida de Matilde” e um percurso pelas obras da autora numa biografia romanceada. Referiu ainda que “Marta [Madureira] soube captar o essencial do texto de Adélia e de Matilde” e construir “um objecto artístico” numa simbiose entre ilustração e design gráfico, com especial destaque para a capa, onde se “mostra um concentrado de elementos fulcrais da narrativa (Matilde, a laranjeira)”, para as imagens “que fogem de página para página” e para as “guardas padronizadas”, para a ousadia de não ter medo “da brancura da folha”. “As imagens contam, elas próprias, a história de Matilde” e isso deve-se ao “olhar poético de Marta”.

Adélia Carvalho confessou o seu “amor” por Matilde, realçou o contributo de Matilde para o texto (que leu previamente e acompanhou), deu a conhecer (pessoalmente) a Matilde a Marta Madureira e agradeceu a presença de todos.

Marta Madureira começou por notar que tinha a Matilde Rosa Araújo como uma pessoa especial desde a infância, sobretudo desde as duas visitas que fez à sua escola. Sobre o seu trabalho de ilustração, disse que procurou “sentir o cheiro e a cor do texto, tendo este texto um cheiro mais aromático”, que construiu e trabalhou a metáfora visual, tendo para o efeito feito algum trabalho de investigação em razão do imaginário peculiar da escrita de Matilde Rosa Araújo.

HISTÓRIAS DO BARCO DA VELHA NA PAIS & Filhos

O livro Histórias do Barco da Velha é a escolha do número de Maio da Revista PAIS & Filhos que lhe atribui 5 estrelas, comentando-o assim:

"Era uma vez uma velha num barco. E ninguém imagina as histórias que isto dá. São muitas e incluem, claro, sereias, fantasmas, marinheiros, mas também ovelhas, macacos, ratos e gatos. E muitos jogos de palavras que, para dar conta, é preciso ler com atenção. Lengalengas, trava-línguas, rimas e provérbios descrevem situações bizarras e nonsense que despertam o riso em leitores de todas as idades. As histórias são de Pedro Teixeira Neves e as ilustrações de Rute Reimão (colaboradora da PAIS&Filhos), com um croché lindo a fazer de ondas."