quarta-feira, 26 de novembro de 2008

TRINTA POR UMA LINHA NA PÓVOA DE VARZIM

Prestes a completar o primeiro ano de actividade, a editora Trinta por uma Linha deu-se a conhecer à Póvoa de Varzim, com o lançamento de Cinema Garrett, de Vergílio Alberto Vieira, na sexta-feira, e a apresentação de todos os livros já publicados, no sábado.

Dedicada em exclusivo à edição de livros infanto-juvenis, a editora mereceu o elogio de Luís Diamantino, Vereador do Pelouro da Cultura, presente na sessão de lançamento de Cinema Garrett, por apostar “na qualidade e na beleza das coisas”. O Vereador enalteceu não só os poemas de Vergílio Alberto Vieira, mas também o “trabalho belíssimo” da ilustradora, Anabela Dias que, em conjunto, fizeram de Cinema Garrett um “passeio pelo imaginário da Póvoa, um documento das muitas recordações que temos da nossa terra.”
De facto, são dezassete poemas que revisitam a Póvoa de outros tempos, a Póvoa que Vergílio amou ainda criança. Estão lá “Os Moinhos de S. Félix”, a “Senhora das Dores”, “A Igreja da Lapa”, “A Ronca”, e figuras como “Os Banheiros”, “O Catitinha”, “O Fotógrafo”, “Poveiros”, e claro, o “Cinema Garrett”. Luís Diamantino viu na obra o carinho de Vergílio pela Póvoa, afinal, e como afirmou, “é poveiro quem ama a Póvoa”. “Este livro faz-me voltar à Póvoa que vivi quando era criança. São momentos muito fortes”, rematou.
Um livro de carinho e emoções que em nada facilitou o trabalho de Anabela Dias, como a própria explicou: “Foi um grande desafio. Eu não sou poveira e os poveiros são gente muito específica”. Para elaborar as ilustrações para o livro, Anabela Dias tornou-se “um pouco poveira” e desenvolveu um cuidadoso trabalho de pesquisa, com recurso a texto e imagens “para tentar criar os ambientes adequados aos textos e encontrar um equilíbrio entre as duas partes”.

Vergílio Alberto Vieira explicou que Cinema Garrett nasceu em Agosto, por alturas da vinda do escritor à Feira do Livro da Póvoa para apresentar A Boca no Trombone. Nesse dia, soube da existência de uma escola na Póvoa que dava pelo nome de Escola dos Sininhos e a peculiaridade do nome foi suficiente para despertar a criatividade do escritor. “Este projecto assustou-me porque durante uns sete ou oito dias não consegui dormir. Escrevi 17 poemas, podiam ter sido 27, mas fiquei por aqui porque era isto que eu queria dizer”, explicou o escritor para quem a Póvoa é a sua “Ilha do Tesouro”.

A apresentação de Cinema Garrett, o 15º livro lançado pela editora Trinta por uma Linha, terminou com a leitura de alguns poemas por parte de Aurelino Costa.
No sábado foi então a vez de apresentar todos os livros já lançados pela editora. João Manuel Ribeiro, simultaneamente mentor deste recente projecto editorial e autor de alguns livros, apresentou cada um dos 16 títulos já lançados, e que estão divididos por quatro colecções: “Rimas Traquinas”, de poesia e de que faz parte Cinema Garrett; “Oito por um Cordel”, de contos; “Pim-Pam-Pum”, para os mais pequenos; e “Os Livros do Rafa”, para adolescentes. E se até ao final do ano vai ser lançado o 17º título, João Manuel Ribeiro pode contar com a veia produtiva de Vergílio para aumentar o catálogo da editora. Isto porque o escritor, também presente nesta sessão de apresentação, explicou que escreveu 31 livros para crianças, tendo publicado apenas 19. “Dois vão ser editados brevemente, por isso ficam dez por publicar”, gracejou. Uma produtividade que se deve ao facto de Vergílio gostar de escrever para crianças e não só, pois é da opinião que “os livros não são só para crianças, são para todos os que gostam de ler”. E lembrando os tempos em que passava férias na Póvoa e desaparecia durante horas, preocupando os seus pais com a possibilidade de “ter entrado mar adentro”, Vergílio transmitiu às muitas crianças presentes na plateia aquilo que aprendeu ainda novo: que é possível andar à superfície da água: “Escrever é como fazer barquinhos de papel e eles andassem à superfície das palavras sem ir ao fundo”. Aurelino Costa marcou também presença na apresentação da editora e voltou a ler alguns poemas mas apelando à imaginação e colaboração das crianças presentes na plateia. Assim, simularam o som do vento aquando da leitura de “Os Moinhos de S. Félix” e, na leitura de “A Escola dos Sininhos”, imitaram o tilintar dos sinos com a ajuda de chaves.

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