terça-feira, 21 de junho de 2011

O CRILIJ RECOMENDA

No sítio do CRILIJ, Manuela Maldonado recomenda o livro "O Segredo da Moura" de Gisela Silva, com ilustrações de Teresa Lares, com as palavras que se seguem:

«Reputadíssima na área da Pedagogia da Leitura, Gisela Silva, neste volume de literatura infanto-juvenil, recupera uma via do fantástico há muito esquecida mas bem viva no património oral da nossa cultura: as mouras encantadas.
Logo de início, muito interessante a distinção que faz das histórias começadas por “Era uma vez …”, do imaginário infantil em geral, das iniciadas por “Conta-se que …” ou “Em tempos antigos…”, onde as amarras em factos localizados ainda que envoltos no maravilhoso são bem evidentes.
Partindo da hora nocturna em que a mãe conta histórias à filha, aparece como leitmotiv da narrativa a Senhora de Lanhoso. Esta senhora não é mais que uma moura em cativeiro que o senhor dessas terras minhotas trouxe das cruzadas de além Tejo onde combateu os mouros e saiu vencedor. Em vez do vencido chefe mouro é a filha que vem, por vontade manifesta.
De seu nome Jasmin, enceta uma relação de grande amizade com o fidalgo cristão. Porém, desenraizada dos seus costumes, além do canto, fazem-lhe falta crianças para se entreter. Como o senhor de Lanhoso lhe nega a realização desse desejo, manda vir da sua terra um pente em ouro e um tear. E é a partir destes dois objectos da sua cultura que começa a tecer paisagens maravilhosas cheias de crianças com quem brinca e inventa histórias. Está superado um desejo de maternidade não concretizado.
Por outro lado, abre a porta a um encantamento eterno dado que a sua missão é tecer histórias de fazer sonhar as crianças.
A ilustração de Teresa Lares conjuga harmoniosamente as atmosferas do ocidente e do oriente mourisco, servindo-se de traços físicos distintivos de rostos e roupagens, conjugados com a explosão cromática em cada página.
Anabela Dias com a paginação e o design constrói um harmonioso diálogo entre o icónico e o escrito à maneira de um tapete mágico que se desenrola indefinidamente, um símile de temporalidade das mil e uma noites

Acresce a indicação «a partir dos 8 anos».