sábado, 12 de março de 2011

O CRILIJ E A RBEP RECOMENDAM

Manuela Maldonado, do Centro de recursos e investigação sobre literatura para a infância e juventude – CRILIJ, assina a recensão ao livro «Meu Avô, Rei de Coisa Pouca», de João Manuel Ribeiro, com ilustrações de Catarina Pinto, recomendando-o no sitio da Rede de Bibliotecas Escolares do Porto:
«Escrito na primeira pessoa, o livro de João Manuel Ribeiro fala, de uma forma densamente poética, da descoberta do mundo e da vida por um garoto através dos olhos de um avô que o leva pela mão.
A relação é tão entranhada que tudo que fazem em conjunto assume asas de fantasia. Partindo das pequenas maravilhas que a Natureza proporciona ou das ocasiões em que o Homem a festeja em conjunto com os seus pares, caso da desfolhada, tudo se transforma milagrosamente noutro Reino.
Naturalmente que as memórias desse tempo são escritas por um homem culto que as refunde harmoniosamente. Porém, guarda do seu mentor e companheiro de infância o jeito pedagógico de encarar as coisas, " o segredo da paciência, que é o coração do mistério do tempo", " a língua do silêncio ". E regista, sobretudo, que o único lugar onde um Reino permanece é dentro de si-mesmo.
Entre as narrativas avulsas contadas pelo ancião é deveras interessante a dos seus amores com a avó Ilda; evoca esse período usando a imagem da partilha de romãs, frutos vermelhos de vida, até ao momento de os dois serem metades de uma só.
Engenhosa e delicada é a maneira como o penúltimo capítulo trata do envelhecimento e morte do avô, bem como enternecedoras são as últimas páginas de homenagem a quem legou "muita coisa" e continua a ser "... um GPS invisível e secreto" na vida do neto.
A ilustração de Catarina Pinto, quer pelos motivos seleccionados, quer pelo cromatismo, quer pela apresentação de uma manta de retalhos englobando as referências principais da aventura afectiva, enriquece as sugestões textuais.
A opção de designer Anabela Dias na paginação é muito bem pensada, sobretudo na colocação das mantas nos guardas do livro. Funcionam como partida e chegada de uma aventura impar. Todavia, mesmo havendo um começo e um fim, são a metáfora de uma riqueza que se acumulou num coração e que elas protegem ciosamente.

A partir dos 10 anos.»

Manuela Maldonado